Poema Visual

Yby Jacuhy

Obra integrante da Exposição Coletiva CÖCÖCÖCÜ


 




“Humans learned much from ants long ago, and some of us are again listening. I hope we can relearn together how to powerfully nurture rather than destroy life. To delight in and share the world, of which we are such a fascinating part. “

Feral Practice, The Ant-Ic Museum


︎ Registros e documentos de trabalho da instalação com videomapping sobre escultura efêmera de areia da construção civil, realizada a partir de experimentação com base de dados geolocalizados do fluxo de pessoas na cidade de Porto Alegre-RS. Realizada durante o período de Residência Artística FORM.I.GUEIRO dentro da 8a edição do Festival KinoBeat.

︎ 2023


︎ Trabalho Fruto da Residência na 8a Edição do Festival KinoBeat (02/2023)
︎ Exposição Coletiva na Galeria Sotero Cosme, Casa de Cultura Mario Quintana (09/02 a 29/03/2023)



︎ Clipping Correio do Povo
︎ Clipping Bruna Paulin
︎ Clipping Passageira





Yby Jacuhy é uma poesia visual concebida a partir da experiência na Residência Artística FORM.I.GUEIRO, realizada dentro da programação da 8a edição do Festival KinoBeat.

Em três semanas de atividades tais como palestras, saídas de campo, mesas de dicussão e oficinas, um campo de estudos poéticos se delineou e desenvolveu a partir da observação e da análise das dinâmicas civilizatórias das formigas. Uma destas saídas de campo foi uma tarde na praia de água doce de Itapuã, de onde surgiu a cocepçõa deste trabalho. Em uma abordagem interespecífica, o grupo de artistas se propunha a um exercício de imaginação para elaborar uma poética a partir das reverberações experimentadas ao longo da Residência.

Yby significa “terra”, “ilha”; Jacuhy refere-se a “rio temporário” em tupy-guarany.

Me interessam, num primeiro momento, encontrar os padrões de construção dos territórios das formigas, as conexões entre seus formigueiros, com seus módulos e conexões que contemplam a habitabilidade, de forma a executar uma perfeita exaustão. Quis descifrar o ritmo das escalas e da especialização dos espaços construídos, com usos definidos como circulação, estar, berçário, aposentos da rainha, etc. Qual a ordem, qual o projeto que ordena estas complexas construções? Há projeto? Me parece haver aí um paradoxo delicioso entre os conceitos de autoconstrução e ordenamento territorial, quando transpostos para concepções de mundo do humano.

Considero o resultado uma escultura efêmera - expandida, nos termos de Rosalind Krauss -  feita a partir de dados coletivos e mãos pessoais, em uma composição de luz em movimento, grãos de areia e imaginação.


A instalação compreende o resultado de uma experimentação cartográfica, realizada a partir de manipulação de dados geolocalizados da malha viária da cidade Porto Alegre. Quanto a parte material da concepção, trata-se de uma maquete orgânica do relevo topográfico da cidade, esculpida à mão com base nos levantamentos planialtimétricos do território.

Concebi, assim, uma projeção mapeada a partir de manipulação puramente experimentalista dos dados de mobilidade disponíveis. Dado que a Residência teve duração de 3 semanas até a abertura da Exposição, uma análise mais detida dos dados trabalhados seria impraticável. Resulta um convite à múltipla interpretação dos pequenos pontinhos de luz, freneticamente móveis, compostos em um tempo acelerado de uma escala alterada da Cidade.

Neste trabalho, deixo propositalmente oculta em mistério qualquer possível conclusão ou resultado da experimentação com dados. A poética reside justamente na múltipla interpretação que os visitantes possam conceber do arranjo de coisas como se apresentam.

Ocorre que, em Porto Alegre, a maior parte da matéria-prima utilizada na construção civil da área urbanizada da região metropolitana é oriunda do leito do Delta do Jacuí [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7], estuário de águas doces palco de diversos embates, de um lado pela mineração, de outro pela preservação ambiental. A Cidade, nascida do leito do Rio Guaíba, constrói-se da mesma areia do fundo do seu Rio. Tais quais formiguinhas, nosso trabalho de construção de nosso formigueiro não escapa à economia do uso das matérias-primas disponíveis no entorno.  

Um ensaio visual, um pensamento aberto pela sensação, uma sequência de perguntas que aponta a mais perguntas.
Texto Curatorial

COEXISTÊNCIA
COLABORAÇÃO
COMUNICAÇÃO
CUIDADO

CÖCÖCÖCÜ é o título da exposição que resultou da Residência Formigueiro, dentro do 8º Kino Beat. É também a onomatopeia de um processo, uma forma inusitada de traduzir em linguagem uma experiência intensa de encontros e criações. Essa palavra gaguejante é um neologismo que carrega em sua formação as sílabas iniciais de alguns dos principais termos que simbolizaram a residência: coexistência, colaboração, comunicação e cuidado.

Ao longo de três semanas, dezenove pessoas, entre artistas, biólogos, urbanistas, curadores e produtores, foram residentes e parceiros, borrando suas funções pré-estabelecidas, compartilhando conhecimentos, visões, movimentos, inquietações, alimentos, caminhos, abrigos e histórias.

As formigas foram as nossas guias no decorrer desta experiência compartilhada na Casa de Cultura Mario Quintana e na cidade expandida. Trabalhar com/sobre elas, foi um exercício de alteridade e reflexão geradora de mundos.

Abertura: 9 de fevereiro, às 18h, na Galeria Sotero Cosme, Museu de Arte Contemporânea RS, 6° andar da Casa de Cultura Mario Quintana
Visitação: De 10 de fevereiro a 26 de março. Terça a domingo, das 10h às 18h.

A 8ª edição do Festival Kino Beat e a Residência Formigueiro foram contemplados no Programa Cultura Circular 2022 com realização do @brbritish e apoio do @oi_futuro.

Apoio cultural: Casa de Cultura Mario Quintana, Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul, Museu de Arte Contemporânea do RS. O MACRS e a CCMQ são instituições da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac).




Yby Jacuhy, registros da instalação realizada na Galeria Sotero Cosme, Casa de Cultura Mario Quintana, durante exposição coletiva CÖCÖCÖCÜ, resultante do período de Residência Artística FORM.I.GUEIRO (18/01 a 09/02/2023).

︎ Créditos
Curadoria e coordenação geral KinoBeat: Gabriel Cevallos

Assistência de curadoria e produção: Adauany Zimovski

Assistência de produção: Mauryani Oliveira

Participantes da Residência FORM.I.GUEIRO:  Fiona MacDonald (Feral Practice), Estevão da Fontoura, Coletivo Grupelho, Tuane Eggers, Beto Mohr, Hélio Soares Jr, Joana Burd, Leo Caobelli, Vicente CarcuchinskiLeonardo BrawlCamila Leichter e Mauro Espíndola (Moinho Edições).

Autoria e execução Yby Jacuhy: Livia Koeche




    Porto Alegre, Brasil.